domingo, 28 de julho de 2013

Prática do Buda da Medicina

“Quando alguém realiza a meditação do Buddha da Medicina, eventualmente poderá atingir a Iluminação. Mas, enquanto isso não acontece, esta pessoa experimentará um grande aumento na sua capacidade de cura tanto para si próprio como para outros, assim como uma significativa diminuição de doenças de ordem física, mental e de sofrimento.”

Tayatha Om Begandze Begandze Maha Begandze  Rantza Samungate Soha
(mantra curto)


As práticas do Buddha da Medicina (Bhaisajyaguru, em sânscrito, e Sangye Menla, em tibetano) eliminam os venenos da mente, responsáveis por toda ordem de sofrimentos que experimentamos ou sentimos.
          O Buda da Medicina é um Ser completamente iluminado. Para entender quem ele é, qual é sua natureza e função, primeiro precisamos entender o que é um Ser Iluminado (Bodhisattva). Geralmente, “ser” significa alguém que experimenta sensações agradáveis, desagradáveis ou neutras. Portanto nós somos seres, os animais e plantas são seres, porque experimentamos sensações. Há dois tipos de seres: seres sencientes e seres iluminados. Um ser senciente ou um ser vivo, é um ser cuja mente é atormentada pela escuridão da ignorância e do sofrimento, é todo o ser com capacidade de sentir (senciência). Dor ou a agonia, assim como as emoções, a exemplo do medo ou da ansiedade são estados subjetivos próximos do pensamento e que estão presentes na maior parte das espécies animais. Um ser iluminado ou Bodhisattva é um ser completamente livre da escuridão da ignorância e do sofrimento. É um ser de sabedoria elevada, que segue uma prática espiritual que visa remover obstáculos e beneficiar todos os demais seres sencientes. Significa também todas as forças de pureza dentro da mente.
          Assim como os seres sencientes têm muitos e diferentes aspectos, os seres iluminados também. Seres iluminados emanam incontáveis e diferentes formas para beneficiar os seres vivos. Algumas vezes aparecem como Deidades, às vezes como humanos, às vezes como não humanos. Às vezes aparecem como professores budistas, às vezes como professores não-budistas. As emanações de seres iluminados permeiam o mundo todo, mas pelo fato de nossa mente estar coberta pela ignorância, não conseguimos reconhecê-las e ou percebê-las.
        O Buda da Medicina é um Ser Iluminado que tem compaixão imparcial por todos os seres vivos. Ele protege os seres vivos de doenças físicas e mentais e outros perigos e obstáculos e nos ajuda a eliminar os três venenos: apego, ódio e ignorância – que são a fonte de todas as doenças e perigos. Ele é o Buda Médico.
        “Certa vez Buda Shakyamuni estava num lugar chamado Vaishali com milhares de discípulos Bodhisattvas. Naquela época Manjushri aparecia como um discípulo Bodhisattva. Por sua compaixão Manjushri proferiu que no futuro o Budadarma iria se degenerar e os seres deste mundo teriam dificuldades de praticar o puro Dharma e alcançar realizações. Ele entendeu que chegaria uma época em que seria muito difícil para os seres controlar suas mentes e, por isso, cometeriam ações negativas tais como matar, roubar e sustentar visões errôneas, sofrer. Como resultado, experimentariam horríveis doenças e insuportáveis sofrimentos mentais. Chegaria um tempo em que o mundo seria repleto de problemas, perigos, doenças e adversidades. Pensando em todos esses sofrimentos, Manjushri perguntou a Buda Shakyamuni:
          -No futuro, quando o Dharma e a prática espiritual, estiverem se perdendo, quando os seres humanos neste mundo estiverem empobrecidos espiritualmente, quando seus apegos, raivas e ignorâncias forem tão fortes e difíceis de controlar e por esta razão, os seres experimentarem continuamente dor mental, medo, perigos e especialmente muitas doenças incuráveis, quem irá libertá-los desses sofrimentos e protegê-los desses perigos? Quem os ajudará a superar os três venenos mentais?
          Em resposta à pergunta do Bodhisattva Manjushri, Buda Shakyamuni expôs o Sutra Oito Mil Versos - Essência da Revelação das Instruções sobre o Buda da Medicina. Muitos seres ouviram esses ensinamentos. Além dos milhares de discípulos Bodhisattvas humanos, milhares de outros Bodhisattvas vieram de muitas outras terras juntos com seres de muitos outros reinos, como também os Naghas e Yakshas ou fazedores de mal.
          Nessa vasta assembléia de discípulos, Shakyamuni explicou tudo sobre o Buda da Medicina – suas qualidades especiais, suas Terras Puras e como, no futuro, confiando neste Buda, apenas ouvindo seu nome, os seres vivos seriam curados de pesadas doenças físicas e psíquicas, especialmente das doenças das desilusões. Ele também explicou como fazer as conexões com esse Buda, os benefícios de confiar nele e como praticar as instruções do Buda da Medicina.
          Enquanto Shakyamuni estava expondo esses ensinamentos, Manjushri percebeu com sua clarividência as mentes dos outros. Percebeu que alguns dos humanos e deuses na audiência estavam duvidando, achando difícil de acreditar na explicação de Buda sobre a existência do Buda da Medicina. Então ele levantou-se de seu assento, respeitosamente rodeou Buda três vezes, fez três prostrações e com seu joelho esquerdo sobre o solo, perguntou a Buda Shakyamuni:
          -Para remover as dúvidas das mentes dos discípulos, por favor, Venerável Mestre, mostre-lhes claramente que o Buda da Medicina existe, onde ele vive e quais são suas boas qualidades.
        Shakyamuni imediatamente entrou em profunda concentração e de seu coração emanaram raios de luz convidando o Budas da Medicina à Vaishali de modo que cada um dos milhares de discípulos pudesse vê-lo. O Buda da Medicina veio com seus dois principais discípulos, Radiância de Sol e Radiância de Lua, bem como um vasto séquito de milhares de outros discípulos. Todos puderam ver o Buda da Medicina com seus séquitos diretamente e todas as suas dúvidas foram imediatamente eliminadas. Buda apresentou-os o Buda da Medicina, dizendo:
          -Este é o Buda da Medicina. Ele vem da Terra Pura chamada Terra Pura do Lápis Lazúli (de azul como a rocha Lazúli). Essa Terra de Buda tem natureza de sabedoria com o aspecto do Lápis Lazúli. O solo inteiro dessa Terra é iluminado pela luz deste Buda e assim por diante. O Buda da Medicina fez uma promessa para ajudar os que o invocam quando estão doentes ou feridos, e para ajudar aqueles que reverenciam a alcançar uma vida longa e saudável.
           Buda então deu instruções de como recitar o mantra para si mesmo e para os outros, para os doentes e os que estão morrendo, e de como fazer muitos rituais de cura. Todos se regozijaram e desenvolveram uma profunda e inabalável fé. É dito que ouvindo essas instruções, alguns sete milhões de não-humanos fazedores de mal obtiveram a realização direta da verdade última transcendendo ao bem e ao amor, prometendo ajudar os seguidores que confiassem sinceramente na prática do Buda da Medicina”.
          A prática do Buda da Medicina é um método muito poderoso para curar a nós mesmos e os outros e para superar a doença interior do apego, do ódio e da ignorância. Se confiarmos no Buda da Medicina com pura fé definitivamente, receberemos as bênçãos dessas realizações.
 
Os 12 Sufrágios do Buddha da Medicina
 
1. Iluminar reinos incontáveis com a sua radiância, possibilitando que qualquer pessoa possa se tornar um Buda igual e ele. Para obter o corpo-forma de Buda em vidas futuras: Eu me comprometo fazer com que meu corpo brilhe como feixes de luz brilhante neste mundo infinito e sem limites, a tomar refúgio em todos os seres, livrando-os das ignorâncias e em me absorver nos ensinamentos do Buda. Possa todos os seres ser como eu, com uma mente, alma e caráter perfeitos e finalmente, alcançar a iluminação como o Buda.

2. Despertar a mente dos seres sencientes por meio da sua Luz de Lápis Lazúli. Para conseguir erradicar a escuridão da ignorância de sua mente: Eu me comprometo tornar minha mente e corpo puros e perfeitos como o Lazúli que irradia raios de luz esplêndidos para todos os cantos, iluminando todos os seres com sabedoria. Com as bênçãos de compaixão, que todos os seres alcancem o seu poder espiritual e sua energia física, para que possam realizar seus sonhos no caminho certo.

3. Atender às necessidades materiais dos seres sencientes. Para ser doador de vida inesgotável: Eu me comprometo a doar por meio de sabedoria infinita, à todos os seres, a energia vital e inesgotável de ​​que necessitam, e aliviá-los de todas as dores e culpas decorrentes dos desejos materiais descabidos. Além da subsistência, o mais deverá ser generosamente compartilhado com as comunidades, para que todos possam viver em harmonia.

4. Corrigir visões errôneas e inspirar os seres a seguir o caminho do bodhisattva. Para ser capaz de conduzir os seres pelos caminhos Mahayana: Eu me comprometo a levar aqueles que se desviaram do caminho saudável, de volta para o caminho de retidão e de compreensão dos males que os acometem e purificá-los com a boa saúde. Deixando se corrigirem e voltarem para o caminho sagrado de Buda, direto para a iluminação.

5. Ajudar os seres a seguir os preceitos morais, mesmo que eles tenham falhado anteriormente. Para ser capaz de restaurar as quebras de disciplina moral de outros seres: Eu me comprometo em permitir que todos os seres sencientes observem os preceitos da pureza espiritual e da conduta moral. E caso haja reincidências, me comprometo a orientar para o arrependimento e desde que verdadeiramente, se arrependam de suas más ações, eu voto em uma mudança de consciência, com orações constantes e forte fé no Buda da Medicina e que eles possam receber os raios do perdão e recuperar sua moral e pureza perdida.

6. Curar os seres que nasceram com deformidades, doenças ou outros sofrimentos físicos. Para ser capaz de renascer sob qualquer forma que desejar: Eu me comprometo em abençoar todos os seres que estão fisicamente deficientes ou doentes em todos os aspectos, transmitindo as bençãos de boa saúde, tanto físicas como psiquicamente. Todos que fielmente prestam homenagem ao Buda da Medicina renascerão curados e estarão abençoados.

7. Aliviar os destituídos e doentes. Para apaziguar todas as visões errôneas e Maras (ilusões): Eu me comprometo, a aliviar toda a dor, fraqueza e miséria do próprio doente, do fraco e pobre de conhecimento, que são visões equivocadas deles próprios. O doente de ser curado, o indefeso de ser amparado e o pobre trazer-lhe esclarecimentos.

8. Libertar os oprimidos do sofrimento. Para ser capaz de libertar outros seres das prisões do inconsciente e das opressões: Eu me comprometo a ajudar as pessoas que estão passando por tormentos e torturas e que estão sendo oprimidas, buscando a transformação através da coragem, justiça e confiança e si mesmos. Ao orar em nome do Buda da Medicina, que todos atinjam o estado Iluminado de Buda.

9. Para ser capaz de conduzir pessoas más aos caminhos espirituais bons: Eu me comprometo a mostrar à todos os seres o caminho da libertação dos maus pensamentos que destroem os valores bons e o amor. Vou levá-los para o caminho da luz através de incrustar-lhes a justiça, honra e benevolência, para que eles trilhem o caminho do Iluminado de Buda.

10. Curar aflições mentais e delusões. Para ser capaz de aliviar os seres de infernos existenciais: Eu me comprometo a aliviar e libertar prisioneiros das consciências atormentadas pela ilusão de doenças geradas pela culpa, mágoa e ressentimentos. Vítimas de condicionamentos contrários à paz de espírito, perpetrados pela ignorância. Serão todos abençoados no caminho à Iluminação.

11. Aliviar aqueles que sofrem de fome e sede terríveis. Para ser capaz de realizar os desejos de outros seres e os libertar de doenças físicas e psíquicas: Eu me comprometo a prover a cura para àqueles que são sinceros na vontade de serem curados, pois serão abençoados pelos poderes supremos e libertados dos sofrimentos.

12. Para renascer em uma Terra Pura no futuro: Eu me comprometo a salvar aqueles que sofrem de fome e aqueles que cometem crime para obter alimento. Vou levá-los para as virtudes do Dharma, favorecê-los com a melhor comida e levá-los a uma vida tranqüila e feliz. Se assim estimar com sinceridade o Buda da Medicina e praticar o Dharma para fortalecer seus méritos, serão capazes de renascer na Terra dos Budas.
 

Dharani do Buda da Medicina

OM  NAMO  BAGHAVATE
BHAISHY  JYA  GURU
VAIDURYA  PRABHA
RAJAYA  TATHAGATAYA
ARHATE  SAMYAKSAM
BUDDHAYA  TAYATHA
OM  BEGANDZE  BEGANDZE
MAHA  BEGANDZE
BEGANDZE  RANTZAYA
SAMUDGATE  SOHA
(mantra longo)

“Refugio-me no Buda da Medicina de Radiância Azul Celeste, o Merecedor de Oferendas, o Dotado de Consciência Universal Iluminada e Absoluta, o Sagrado, com a intenção de fazer cessar calamidades, doenças, infortúnios e ganhar benefícios de cura”.

          Ao recitar o Dharani do Buda da Medicina com amor, buscamos as bênçãos de compaixão que nos ajudam a dissipar calamidades e obstáculos cármicos, libertando-nos de sofrimentos, doenças, aflições e delusões (que é um delírio caracterizado por crenças mal fundamentadas fortemente enraizadas na vida de uma pessoa e que lhe causam prejuízo significativo para si e/ou para os outros do seu meio). Por fim, nos ajuda também a prolongar nossas vidas.
           Este Dharani de cura deve ser recitado fervorosamente 07 vezes ou 49 vezes ou 108 vezes, dependendo da situação. Um copo de água pura juntamente com a recitação do mantra é capaz de aliviar ou curar uma pessoa doente, quando toma.
A prática acima deve ser feita diariamente (ou algumas vezes na semana, conforme a situação exige), até que o doente se recupere. É especialmente invocado no 8º dia de cada mês.
           Os devotos que desejam manter este Dharani sempre ativo, devem sinceramente tentar recitá-lo todos os dias 03 ou 07 vezes ou de acordo com sua sabedoria e intenção.
Pode-se também intencionar à pessoas que não estejam fisicamente presentes e ou próximas. Pode-se também intencionar à hospitais, clínicas e centros de recuperação, enfermarias, asilos e etc. Para uma comunidade, uma cidade, um país, para o planeta inteiro.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Gratidão pela pessoa que compartilha nossa vida

Existem momentos em que sentimos gratidão pela pessoa que compartilha a nossa vida. Apreciamos profundamente a presença dela. Ficamos cheios de compaixão, gratidão e amor. Todos já tivemos momentos assim na vida. Nós nos sentimos gratos por a outra pessoa estar viva e ter estado ao nosso lado durante momentos muito difíceis. Sugiro que, quando sentir isso de novo, você usufrua desse momento.
 Para realmente se beneficiar, retire-se para um lugar onde você possa se isolar. Vá para o seu quarto ou para um local tranqüilo e mergulhe nesse sentimento de gratidão. Coloque então no papel seus sentimentos, sua gratidão, sua felicidade. Em meia ou uma página, expresse da melhor maneira o que está sentindo, ou grave numa fita e guarde em seguida.
 Esse momento de gratidão é um instante de iluminação, de plena consciência, de inteligência. É uma manifestação que vem das profundezas da sua consciência. Você possui essa compreensão dentro de si. Mas, quando você se zanga, sua gratidão e seu amor simplesmente parecem não estar presentes. Você se sente como se eles nunca tivessem existido e é por isso que precisa escrevê-los num papel ou gravá-los numa fita e guardá-los em segurança. De vez em quando, leia ou ouça novamente o que você expressou.
 O Sutra do Coração, uma escritura que é entoada diariamente por muitos budistas, é a essência dos ensinamentos do Buda sobre a sabedoria. O que você escreveu é um Sutra do Coração porque ele saiu do seu coração. Ele é o seu Sutra do Coração.
Todos podemos aprender alguma coisa com a história da mulher que foi salva pelas cartas de amor que ela guardava numa caixa de biscoitos. Essas cartas saídas do coração foram a sua salvação. Seu salvador não veio de fora, veio de dentro. Você tem a capacidade de amar a outra pessoa, de sentir gratidão. Isso é uma bênção. Você sabe que tem a sorte de possuir um companheiro (a), de ter a pessoa que você ama na sua vida. Por que deixar essa verdade ir embora? Ela está no seu coração. Entoe então seu Sutra do Coração todos os dias. Todas as vezes que você entra em contato com o amor e o apreço que existem em você, sente de novo a gratidão e volta a valorizar a presença da outra pessoa.
 Precisamos estar sozinhos para poder valorizar totalmente a presença da outra pessoa. Se estivermos sempre juntos, nós nos habituamos à presença dela e nos esquecemos de apreciar sua beleza e sua bondade. Por isso, afaste-se de vez em quando por três ou sete dias. Afaste-se um pouco da pessoa para poder apreciá-la mais. Embora esteja fisicamente longe dela ela se torna mais real para você, mais concreta do que quando vocês estão constantemente juntos. Durante o período em que estiverem separados, você se lembrará do que ela tem de essencial e como é importante e preciosa para você.
Escreva ou crie então o seu próprio Sutra do Coração, ou mais de um, e conserve-o num lugar sagrado. Procure entoá-lo com freqüência, porque, se a raiva vier e você não conseguir abraçá-la, seu Sutra do Coração será extremamente útil. Pegue o papel no qual ele está escrito, inspire e expire profundamente e leia o seu Sutra. Você começará imediatamente a se voltar para dentro de si mesmo e sofrerá muito menos. Quando ler seu Sutra do Coração, você saberá o que fazer e como reagir. Pode ser que neste momento, enquanto lê minha sugestão, você esteja achando complicado fazer isso. Mas é extremamente simples: deixe fluir o que está no seu coração num momento de gratidão e amor. Registre e guarde. Você vai descobrir o enorme benefício que esta prática trará.
Você ainda está na margem do sofrimento e da raiva. Por que não deixa essa margem e vai para a outra - a margem da ausência da raiva, da paz e da libertação? Ela é muito mais agradável. Por que você precisa passar várias horas, uma noite ou até mesmo dias sofrendo por causa da raiva, da inquietude e das prisões que muitas vezes, você mesmo criou? Existe um barco no qual você pode atravessar rapidamente para a outra margem. Esse barco é a prática de nos voltarmos para nós mesmos, para podermos examinar profundamente nosso sofrimento, raiva e depressão e SORRIR para eles. Ao fazer isso, dominamos nossa dor e atravessamos para a outra margem.
Não permaneça na margem em que você continua a ser vítima da raiva. A ausência da raiva está presente em você, ela é possível. Então, simplesmente atravesse o rio e vá para a margem da ausência da raiva. É um lugar tranqüilo, agradável e refrescante. Não se deixe tiranizar pela raiva. Livre-se! Liberte-se! Atravesse com a ajuda de um mestre, de outros amigos que se dedicam à prática, e da sua própria prática. Conte com esses barcos para atravessar o rio e chegar ao outro lado.
 Neste momento você pode estar na margem da confusão, da raiva ou da dúvida. Não fique aí, vá para o outro lado. Com sua prática de andar e respirar, sua prática de realizar um exame profundo de si mesmo e de entoar seu Sutra do Coração, você fará rapidamente a travessia. Talvez em poucos minutos. Você tem o direito de ser feliz. Você tem o direito de sentir compaixão e carinho. A semente do despertar está em você. Através da prática, você pode transformar imediatamente essa semente numa flor. Você pode acabar com o seu sofrimento, porque a eficácia do Dharma é imediata. É mais rápida do que aspirina.
Há ocasiões em que estamos zangados com alguém e tentamos fazer tudo que é possível para transformar nossa raiva, mas nada parece funcionar. Neste caso, o Buda propõe que demos um presente à outra pessoa. Parece infantil, mas é uma atitude extremamente eficaz. Estamos com raiva dela, queremos magoá-la. Dar um presente a essa pessoa transforma esse sentimento na vontade de fazê-la feliz. Assim, quando você se zangar com uma pessoa, mande um presente para ela. Depois de enviá-lo, você deixará de sentir raiva. É muito simples e sempre dá certo.
 Mas não espere sentir raiva para comprar o presente. Quando você sentir muita gratidão, quando sentir que ama muito a pessoa, compre imediatamente um presente. Mas não o envie. Guarde-o. Você pode ter dois ou três presentes guardados em segredo na gaveta. Um dia, quando você se zangar, pegue um deles e entregue. Isso é extremamente eficaz. O Buda era muito esperto.
Quando você sente raiva, quer diminuir seu sofrimento. Esta é uma tendência natural. Existem muitas maneiras de sentir alívio, mas o maior alívio provém do entendimento, da compreensão. Quando existe a compreensão, a raiva irá embora por si mesma. Quando você entende a situação da outra pessoa, quando você compreende a natureza do sofrimento, a raiva desaparece, porque se transforma em compaixão.
O exame profundo é o remédio mais recomendado para a raiva. Se você parar e se dedicar a entender, você compreenderá as dificuldades da outra pessoa e o desejo mais profundo que ela nunca conseguiu realizar. Então, você sentirá a compaixão surgir em você, e este sentimento, como já disse, é o antídoto da raiva. Se você deixar que a compaixão emane do seu coração, a chama da raiva se apagará imediatamente.
Quase todo o nosso sofrimento nasce é porque nos vemos como seres separados e independentes. Se compreendermos que não existe separação, que a outra pessoa é você e você é a outra pessoa, a raiva simplesmente desaparecerá.
(Do livro “Aprendendo a lidar com a raiva” – Thich Nhat Hanh)
FONTE: http://sangavirtual.blogspot.com

domingo, 14 de julho de 2013

A Energia do Hábito

Suponha que temos o hábito de caminhar muito rapidamente, muito rápido. De repente, quando chegamos a Plum Village (centro de meditação budista da Ordem do Interser, no sul da França), somos convidados a desacelerar. Achamos que não é agradável. Uma vez que todos estão andando devagar, você tem que diminuir o ritmo e não se sente feliz. Portanto, sua prática é o motivo de seu sofrimento. Caminhe lentamente, sim, mas ande de tal maneira que te faça feliz, relaxado e calmo, este é o ponto. Temos que perguntar como caminhar lentamente e ainda assim não sofrer, desfrutando da caminhada. Portanto, isto requer algum conhecimento, alguma ideia, alguma prática para poder desfrutar da meditação andando.
Você está diante de uma espécie de hábito, o hábito de caminhar muito rapidamente, correndo. Esse hábito está enraizado profundamente em nossa vida diária. Talvez nossos ancestrais costumassem caminhar muito rapidamente e nos transmitiram essa maneira de caminhar.
Talvez muitas gerações acreditassem que a felicidade está em algum lugar lá no futuro. Temos que ir para esse lugar a fim de sermos felizes. A felicidade não é possível agora, aqui. Esse tipo de crença, consciente ou inconsciente, tornou-se muito forte em nós. Acreditamos que a felicidade é impossível aqui e agora. É por isso que existe um tipo de energia nos empurrando para correr, correr por toda a nossa vida, em busca de um tempo, um lugar, quando a felicidade será possível.
Assim, como entendemos que fomos pegos nesse tipo de hábito, sempre correndo, estamos determinados a parar, para transformar esse hábito e aprendermos como dar passos que possam nos permitir tocar a vida profundamente em cada momento. Com esse tipo de aprendizado e prática, seremos capazes de andar mais devagar e vamos começar a desfrutar do toque da terra com nossos pés, combinando os nossos passos com a nossa inspiração e expiração. Nós apenas nos sentimos maravilhosos ao andar assim, andando sem qualquer intenção de chegar. Isso é novo para nós. Temos que aprender a desenvolver o novo hábito. E à medida adquirimos a energia do novo hábito, vamos passar a desfrutar de um passeio.
Assim, a prática é reconhecer o velho hábito, o hábito negativo, o mau hábito, reconhecer a energia de nossos hábitos e sorrir para eles. E também cultivar o hábito novo, o bom hábito, até que o novo hábito comece a produzir energia. Quando temos um novo tipo de energia, não temos que fazer qualquer esforço, apenas desfrutamos de simplesmente ouvir o sino, por exemplo, apenas desfrutamos do caminhar lentamente, apenas desfrutamos do comer em silêncio, porque gostamos disso. De repente, a prática torna-se agradável, alegre, nutritiva.
Seria absurdo se nós seguíssemos uma prática que nos faz sofrer. O Buda sempre nos lembra de seu Dharma, sua prática deve ser agradável no começo, no meio, no final. Assim, a prática deve ser linda, deve ser agradável, deve ser alegre, se você está sentado ou em pé, comendo ou bebendo. Se você está cozinhando ou limpando. Cozinhar e limpar devem ser feitos de tal forma que possam lhe proporcionar paz, alegria e nutrição.
Nós sabemos o quão forte, quão poderosa é a energia de hábito. Notamos que há momentos em que não somos nós mesmos, não podemos ser nós mesmos. Somos levados pela nossa energia de hábito. Não queríamos dizer o que dissemos, sabíamos que fazendo isso iríamos criar danos em nosso relacionamento com a outra pessoa. Mas, finalmente, dissemos. Nós sabíamos que não deveríamos fazê-lo. Sabíamos que se fôssemos em frente criaríamos danos em nosso relacionamento. Mas, finalmente, fizemos. Dissemos que era mais forte do que nós. O que era mais forte? A energia de hábito. Por isso sentimo-nos impotentes. Nós nos sentimos muito fracos de forma que não podemos lidar com a força do hábito que é muito forte.
E depois de ter dito aquilo, depois de ter feito aquilo, lamentamos. Nós sentimos muito, nos condenamos. Às vezes, fazemos uma forte promessa que da próxima vez não vamos fazer novamente. Não vamos dizer outra vez. Mas na vez seguinte, fazemos de novo, dizemos outra vez. A energia de hábito é muito forte. É por isso que temos de ser capazes de praticar para aprender formas de lidar com essa energia de hábito, a fim de transformá-la.
O Buda não recomenda lutar contra sua energia de hábito. Ele recomendou a prática de reconhecer esses hábitos. A prática de reconhecer, se a incluirmos em nossa prática diária, irá tornar-se outro tipo de hábito, um bom hábito. Você é capaz de reconhecer tudo o que está acontecendo dentro de si mesmo, incluindo a energia de hábito que você considera ser mais forte do que você. Reconhecendo assim, não significa que você tem que sofrer porque tem esse hábito, pois esse hábito pode não ter sido aprendido durante a sua vida. Pode ser um tipo de energia de hábito transmitida por várias gerações de seus antepassados e você só a recebeu. Você tem que reconhecer que ela está presente e tentar transformá-la para si mesmo, para seus pais e para seus antepassados.
Cerca de dez anos atrás, visitei vários estados da Índia para oferecer retiros e palestras de Dharma para as comunidades da sociedade Ambedkar, composta pelos ex-intocáveis. Um amigo dessa comunidade me ajudou a organizar a minha turnê. Um dia eu estava sentado com ele em um ônibus e estava curtindo muito a paisagem do lado de fora. Estava muito feliz por estar na Índia, oferecer retiros e palestras de Dharma e poder desfrutar das pessoas e da paisagem. Quando eu olhei para ele, que estava sentado à minha direita, percebi que não estava relaxado. Ele estava muito tenso. Ele tinha a energia de hábito de se preocupar muito.
Eu sabia que ele estava tentando o máximo para fazer a minha viagem agradável, então eu lhe disse: "Meu querido amigo, eu sei que você está tentando muito fazer minha visita agradável, mas eu gostaria de dizer-lhe que estou muito feliz agora, é muito agradável sentar-me aqui, eu estou desfrutando muito disso, por que você não se senta e se diverte também? Não há nada para se preocupar agora.” Ele disse, "OK" e se sentou novamente. Eu continuei a apreciar as palmeiras e outras coisas e poucos minutos mais tarde, eu me virei e olhei e ele estava exatamente como antes, muito tenso, muito rígido.
Eu sei que não é fácil. Quando se pertence a uma casta discriminada por quatro mil, cinco mil anos, você tem que lutar dia e noite. O hábito de lutar dia e noite estava lá no fundo dele. Ele havia sido transmitido por várias gerações de antepassados.
Lá está ele com sua forte energia de hábito, lutando dia e noite, não sendo capaz de relaxar por um segundo, por um minuto. Claro que podemos ajudá-lo a relaxar, e entender que não há nada para se preocupar, que é possível aproveitar a vida no momento presente.
Ele é perfeitamente capaz de entender isso e praticar, mas não dura. Em apenas alguns segundos ele se permite ser pego novamente por essa forte energia hábito. Portanto, não faz sentido culpar a si mesmo porque você tem essa energia hábito. Você sabe que essa energia hábito não é algo que você criou para si mesmo, ela tem sido transmitida. Você reconhece seus antepassados ​​que sofreram. Você sabe que agora tem uma oportunidade de transformar essa energia para si, para os seus antepassados e para os seus filhos.
Também cerca de dez anos atrás, havia um jovem que veio da América do Norte para Upper Hamlet para praticar e ficou duas três semanas conosco muito feliz. Ele estava cercado por irmãos e irmãs que sempre praticaram a meditação andando, meditação sentada, trabalho na cozinha com atenção plena, e assim por diante. Um dia, ele foi convidado por amigos para ir ao mercado em St. Foy La Grande para fazer algumas compras, porque era Dia de Ação de Graças e todo mundo foi convidado a fazer um prato, cozinhar algo especial do seu país, para oferecer aos nossos antepassados. Os chineses iriam cozinhar um prato chinês, os holandeses iriam oferecer um prato holandês, e assim por diante. Ele estava fazendo algo com os outros americanos então ele foi para St. Foy La Grande fazer compras.
Enquanto comprava percebeu que ficou agitado, que estava ficando apressado. Ele ficou surpreso, porque durante a sua estada de três semanas em Plum Village nunca havia se comportado assim. Ele estava cercado pela Sangha, e sempre foi consciente e pacífico. A energia da sanga o ajudou a se manter consciente e pacífico, mas nesse momento ele estava sozinho. De repente, sem a Sangha a sua volta a velha energia hábito surgiu. Como ele tinha praticado por três semanas, tinha também outro tipo de energia, a energia de plena consciência. Ele era capaz de reconhecer a vinda do velho hábito. Ele também viu que tinha herdado o hábito de sua mãe, porque ela sempre foi assim, sempre estava com pressa.
Então ele respirou e disse: "Olá, mamãe". De repente, a energia de hábito não estava mais presente. Ao reconhecê-la, a energia vai perder o seu poder sobre você. Ele vai voltar para a profundidade de sua consciência, em seu corpo, à espera de circunstâncias adequadas para se manifestar novamente. Ele apenas respirou e disse: "Olá, mamãe", reconhecendo o hábito como era. "Minha mãe é sempre assim." Então, ele ficou livre do hábito durante a prática de inspirar e expirar. Ele sabia que sem a Sangha em volta, ainda estava fraco e tentou seguir sua respiração conscientemente. Ele terminou suas compras e veio nos contar a história.
Você pode reconhecer a sua energia de hábito, porque tem a energia de plena consciência, um tipo de energia dentro de você que faz o trabalho de reconhecimento. Plena consciência é a energia que é capaz de reconhecer o que está acontecendo no momento presente. Quando você bebe, sabe que você está bebendo. Quando você respira e sabe que está respirando, a energia da consciência está presente. Nós chamamos isso de plena consciência da respiração - Anapanasati. Quando você anda, e sabe que está andando, a plena atenção está lá. É a chamada atenção ao andar.
Quando você come e sabe que está comendo, que está mastigando, então a plena atenção está presente, chamamos isso de plena consciência de comer. Tentamos estar conscientes em cada ato que fazemos, em cada momento da nossa vida diária e essa é a melhor maneira de cultivar o segundo tipo de energia, a energia de plena consciência, de plena atenção.
(Do livro de Thich Nhat Hanh - "Good Citzens” - Tradução Leonardo Dobbin)
FONTE: http://sangavirtual.blogspot.com

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O Mantra de Buda Shakyamuni

OM MUNI MUNI MAHA MUNI SHAKYAMUNI SOHA

Este é o mantra que praticamos no último domingo. O mantra do Buda Shakyamuni pode ser considerado a essência de Buda, a essência de sua iluminação. Ele não é uma forma separada do próprio Buda e recitar este mantra, atrai energias de cura, de proteção e desenvolve a paciência. Além de purificar os obscurecimentos kármicos, também traz à tona nossa sabedoria interior nos momentos em que nos sentimos inseguros e ou indecisos, afinal é o mantra do “Grande Vitorioso”, aquele que transcendeu todos os sofrimentos, venceu todas as negatividades e todas as ilusões e nos revelou um caminho, o Caminho do Meio. É o Equilíbrio Perfeito.

O significado do mantra segundo Lama Gangchen Rimpoche

OM invoca a energia de puro cristal do corpo, da palavra e da mente de Buda, e paz e alegria nos mundos interno e externo. Em suma, é o conhecimento e a percepção do corpo, fala e mente de Buda, é o discurso do infinito do Buda. O conhecimento dos dois caminhos para a iluminação (Método e Sabedoria), e das duas verdades (absoluta e relativa) que contêm toda a existência dentro deles. “Com a luz da sabedoria, que se destruam a escuridão da ignorância”.
MUNI significa a renúncia ao sofrimento. É o controle sobre o sofrimento dos três reinos inferiores e sobre a concepção errada de si mesmo ou daquilo que é existente em si mesmo e que não é a sua natureza, é o auto-apreço.
MUNI significa a Bodhichitta: o Grande Coração. O controle sobre o sofrimento e o sofrimento de todos os seres por todo o caminho do Samsara. Você como o Buda que é.
MAHA MUNI significa Shunyata: a percepção da natureza da realidade de todas as coisas e fatos. É o grande controle sobre o sofrimento que as ilusões sutis causam e sobre a mente dualista.
SHAKYAMUNI significa o rápido Caminho Tântrico para a iluminação.
SOHA dedica nossa energia para o benefício de todos os seres. “Possa minha mente receber, absorver e manter as bênçãos deste mantra, e que eles possam se enraizar”.

Shakyamuni é o fundador histórico do Budismo. É a personificação da Grande Compaixão. E seus ensinamentos levam ao caminho do equilíbrio e do incondicional amor compassivo:

“Fazei de vós mesmos uma luz. Confiai em vós mesmos, não dependa de mais ninguém. Fazei de meus ensinamentos a vossa luz, confiai neles, não dependais de nenhum outro ensinamento".

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"O ódio não destrói o ódio, só o Amor destrói o ódio. Sede como o sândalo, que perfuma o machado que o corta".

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Meditação do Buda Shakyamuni

Prepare-se para esta meditação, fazendo alguns minutos de relaxamento e respiração (concentre a sua atenção em sua respiração) para acalmar sua mente. Desta forma, traga sua atenção para o seu sofrimento e o de todos os seres sencientes: os sofrimentos de calor e frio, fome e sede, ignorância e ilusão, desejos descabidos, cobiça e inveja, estados de ira e ressentimentos. Sabemos que há muitos outros tipos de sofrimento e é fundamental lembrar-se de que todos os seres sencientes passam por algum ou outro sofrimento, impedindo-os de alcançarem felicidade definitiva, que é livre de sofrimentos. Ao realizar esta prática, temos o objetivo de despertarmos para nossa natureza búdica e rapidamente atingirmos a iluminação e levar todos os outros seres sencientes para o mesmo estado de permanente felicidade duradoura.

Visualização

Visualize a imagem de Buda à sua frente e que esta imagem é composta inteiramente de luz e não de matérias mundanas. Num espaço entre você e o Buda, ao nível de seu coração, existe uma onda de luz que emana de Buda e se distribui por todo o ambiente. Buda está em um trono de lótus, e é apoiado por dois leões de neve com corpos brancos e jubas turquesa, que são a personificação dos Bodhisattvas. A superfície plana do lótus totalmente aberto simboliza a mente desperta, que saiu da lama e do lodo que é o Samsara. Acima de Buda veja um sol e uma lua, que representam as realizações do caminho vazio e a Bodhicitta de Buda.
O corpo de Buda é feito de uma luz dourada. Ele está sentado em "vajra" ou postura de lótus. Ele está vestido com as vestes de um monge que não chegam a tocar o seu corpo. Seu rosto é muito sereno e belo, cada fio de cabelo dele é enrolado individualmente para a direita, seus lóbulos das orelhas são longas, e os seus olhos são ligeiramente abertos, como que contemplando o êxtase.
Sua mão esquerda repousa em seu colo, segurando uma tigela, cheio de néctar. A palma de sua mão direita repousa sobre o joelho direito e seus dedos tocam a base do lótus sobre o qual ele senta que simboliza seu grande controle sobre a raiva, o apego e a ignorância.
Refugiando-se
Através de seu coração, recite a oração de refúgio e visualize os fluxos de irradiação de luz branco dourada do corpo do Buda para todas as direções, abençoando você e todos os outros seres sencientes.
Você também pode visualizar textos do Dharma juntos do trono perto do Buda, que emanam sons sagrados dos ensinamentos contidos neles. Imagine também que você está cercado no espaço por todos os seres sencientes em suas formas terrenas, seus pais e irmãos, seus amigos, pessoas que você não conhece, os animais e até mesmo pessoas que você tenha tido algum conflito. Convide-os a chegar à vastidão do espaço, sentados igualmente como você formando o Mérito de Refugiar no Campo do Buda, do Dharma e da Nobre Sangha. Afastem todos os sentimentos de raiva e ressentimentos, gerados em cada coração e que passam pela corrente mental, obstruindo e separando os sentimentos de benevolência e compaixão para com todos os seres e que impedem o avanço para o estado de Buda completo.
Você pode convidar todos esses seres sencientes a recitar a Oração de Refúgio, juntos:

“Eu vou para o Refúgio, até que eu alcance a Iluminação Completa...
Para o Buda, para o Dharma e para a Sangha... já sou um iluminado.
Pelo mérito que crio através da prática de doar perfeições,
que eu possa me tornar um Buda, para o bem de todos os seres sencientes... já sou um iluminado”.

Pedidos e Inspiração

Do seu coração para o coração de todos os seres, gere felicidade, solicitando ao Buda que ele lhe conceda a inspiração para seguir o caminho para a Iluminação Completa. Faça este pedido em nome de todos os seres vivos à sua volta e a todos que estão presos na roda cíclica do Samsara.
Imagine raios de luz a partir da figura de Buda e que esta luz entra no seu corpo e rapidamente remove todas as negatividades, todos os obscurecimentos e obstáculos, libertando você e todos os outros seres, progredindo sempre e rapidamente no Nobre Caminho. Imagine que esta mesma luz flui não só para você, mas para todos os seres vivos situados no espaço ao seu redor. Imagine também que todos recebem como inspiração, as bênçãos que você recitar através do mantra do Buda Shakyamuni tantas vezes quanto possível.

Tayata Om Muni Muni Maha Munaye Soha


A Bênção do Corpo, da Fala e da Mente

Imagine que os raios de luz emanam da coroa da cabeça de Buda para sua coroa, esta luz purifica as negatividades do seu corpo e remove os obstáculos para alcançar o corpo iluminado de um Buda.
Estes raios de luz, então se lançam da garganta de Buda para a sua, purificando as negatividades da sua fala e removendo os obstáculos para atingir a fala iluminada que se comunica com clareza a todos os seres sencientes, independentemente do seu nível ou capacidade.
Finalmente, os raios de luz emanam do coração do Buda e se inserem ao seu próprio centro cardíaco. Esta luz purifica as negatividades de sua mente e remove os obstáculos que impedem o despertar, a mente onisciente.
Imagine que esses raios de luz atingem todos os seres sencientes, ajudando-os a atingir rapidamente um estado de consciência suprema.
Mantenha esta visualização enquanto você pode, recitando o mantra si mesmo e imagine que a luz continua a ser transmitida a partir do Buda para você e todos os seres sencientes. Imagine que o néctar acompanha a luz e alimenta-o completamente, tal é a natureza do Dharma.

Absorção

Imagine que os textos do Dharma se dissolvem em luz e são absorvidos no corpo do Buda. Em seguida, imagine que igualmente o trono é absorvido pelo lótus, o lótus para o sol, o sol para a lua e a lua no corpo do Buda. Imagine que tudo à sua volta, se dissolve em luz brilhante e branca para o seu corpo através da coroa de Buda para a sua coroa, enchendo seu corpo mais uma vez com esta luz brilhante.
Sinta uma grande felicidade e alegria com o seu corpo, sua fala e sua mente e perceba que estão completamente transformados. Mantenha esse sentimento por tanto tempo quanto puder, experimentando a remoção de todos os obstáculos e obstruções à onisciência. Visualize e realmente sinta que você tenha atingido o Estado de Onisciência, sinta a compaixão iluminada e a sabedoria de Buda.
Esta meditação é chamada de "trazendo o resultado para o caminho". É um método muito poderoso para transformar a nossa visão normal e como nos comportamos no mundo. O resultado das nossas praticas é atingir a plena iluminação, esta atividade de trazer o resultado do estado de Buda ao nosso estado presente é uma ferramenta poderosa e transformadora. Você não deve imaginar que seu corpo, sua fala e sua mente são a mesma coisa, pois eles surgiram do vazio e se manifestam na forma de um Buda. Esta meditação permite transformar você e o ambiente em veículos que levam à completa e perfeita iluminação.

Dedicação

Quando tiver concluído esta meditação, é importante dedicar o potencial positivo para o benefício de todos os seres vivos, para que possam ser liberados a partir das dificuldades da existência cíclica do Sansara e colocados em um estado de paz e felicidade perfeita. Lembre-se que sua motivação inicial para fazer esta meditação é realmente alcançar um estado tal como os meios para poder levar todos os outros seres sencientes à iluminação completa.
Em sua rotina diária, é importante trazer à mente o sentimento e atitude que você sentiu quando você estava apenas imaginando o estado de Buda. Lembre-se, um estado de felicidade pacífica - que é cheio de amor e compaixão - é muitas vezes suficiente para aliviar uma situação estressante ou conflituosa.
E quando você quiser erradicar todos os traços de uma situação preocupante, simplesmente recite o mantra do Buda Shakyamuni Om Muni Muni Maha Munaye Soha reverberando todo o seu corpo, fala e mente. É a inspiração para transformar esse estado em um estado de paz e felicidade. Quando você fizer esta prática, lembre-se de dedicar o mérito ou o potencial positivo para todos os seres, para que possam também atingir a Iluminação.

Namastê!