Práticas

Meditação sentada

Meditação andando

Tomando Refúgio

Treinamentos da Plena Consciência

Compartilhamento de Dharma

Meditação do Chá

Meditação de Serviço

Nobre Silêncio

Comendo Juntos

Praticando As Seis Perfeições (Paramitas)

 

Meditação sentada

A meditação sentada é como retornar a nossa casa para dar total atenção e cuidado a nós mesmos. Como a imagem pacífica do Buda no altar, nós também podemos irradiar paz e estabilidade. Por isso nos sentamos com a coluna ereta, com a atenção voltada para nossa respiração, direcionando a nossa atenção para as sensações interiores e a nossa volta, deixamos a nossa mente livre e nosso coração suave e gentil.

A Meditação sentada é curativa. Notamos tudo aquilo que sentimos interiormente - nossa dor, raiva e irritação, ou a nossa alegria, amor e paz. Estamos com tudo o que está lá, sem deixar que estes pensamentos nos levem para longe. Deixe que os sentimentos venham, deixe-os ficar, então deixe-os ir. Não há necessidade de oprimir ou fingir que nossos pensamentos não estão lá. Observe os pensamentos e as imagens mentais com um olho de aceitação e amor. Somos livres para ficarmos quietos e calmos apesar das tempestades que possam surgir internamente.

Se as pernas ou pés adormecerem ou começarem a doer durante a sessão, há liberdade para trocar de posição silenciosamente. Apenas mantenha a concentração, seguindo sua respiração e, lenta e atentamente mude de postura/posição.

Após a sessão de meditação sentada, praticamos Kinh Hanh, que é a meditação andando no interior da sala. Damos um passo a cada inspiração e cada expiração. Ciente da Sangha em torno de nós, sentimo-nos em harmonia com o corpo maior. Todos se movendo juntos, devagar e com atenção plena.

Recomenda-se chegar cinco minutos antes do período de meditação começar, a fim de que todos estejam confortavelmente sentados antes do sino ser convidado a tocar, iniciando formalmente a sessão.

Meditação andando

A meditação andando pode ser praticada onde quer que estejamos. O que a torna meditativa é o fato de estar consciente do ato de caminhar. Andamos apenas para caminhar. Andamos com liberdade e solidez, sem pressa. Estamos presentes a cada passo. E quando quisermos falar, então paramos o nosso movimento e damos toda a nossa atenção às nossas palavras e para a outra pessoa ao ouvi-la.

Caminhar desta forma não deveria ser um privilégio. Devemos ser capazes de fazê-lo em todos os momentos. Olhe ao redor e veja quão vasta é a vida, as árvores, as nuvens brancas, o céu sem limites. Ouça os pássaros. Sinta a brisa fresca. A vida está em toda parte e estamos vivos e saudáveis ​​e capazes de caminhar em paz.

Vamos caminhar como uma pessoa livre e sentir que os nossos passos ficam mais leves. Vamos aproveitar cada passo que damos. Cada passo é nutritivo e curativo. Ao caminhar deixe impressa a sua gratidão e amor sobre a terra.

Podemos usar um gatha enquanto caminhamos. A cada dois ou três passos, uma inspiração; outros três passos, uma expiração.

Inspirando "Eu cheguei"; Expirando "Estou em casa"
Inspirando "No aqui"; Expirando "No Agora"
Inspirando "Estou sólido"; Expirando "Eu sou livre"
Inspirando "No final"; Expirando "Eu habito"

Tomando Refúgio

No início de todas as atividades da Sangha, praticamos o Refúgio nas Três Jóias. Nós praticamos Tocando a Terra também para mostrar a nossa gratidão ao Buda, ao Dharma e a Sangha. Tomar refúgio é o reconhecimento e a determinação de ir em direção ao que há de mais belo, verdadeiro e bom. É também a consciência de que temos a capacidade de compreender e amar.

O Buda é aquele que nos mostra o caminho nesta vida. O Buda é a pessoa histórica que viveu há 2600 anos e todos os nossos professores ancestrais que nos conectam ao Buda. O Buda é também a natureza desperta em todos os seres. Cada elemento no universo que está nos mostrando o caminho do amor e compreensão, é o Buda. O olhar aberto de uma criança e o raio de sol que faz a flor revelar sua beleza também contém a natureza desperta.

O Dharma é o ensinamento de amor e compreensão. O Dharma é o ensinamento do Buda histórico e seus descendentes em forma de discursos, os comentários e preceitos que nos mostram o caminho que conduz à paz e profundo conhecimento, amor e compreensão. O Dharma é todos os elementos em nosso mundo e em nossa consciência que nos guiam no caminho da libertação. O Dharma vivo está contido em todos os cantos do universo. A nuvem flutuante está silenciosamente pregando a liberdade e a folha que cai está nos dando uma palestra de Dharma sobre a prática do desapego. Cada vez que você respira conscientemente, anda conscientemente ou olha para outra pessoa com os olhos da compreensão e compaixão, você está dando uma palestra de Dharma em silêncio.

A Sangha é a comunidade que vive em harmonia e consciência. Seus professores, seus amigos e você mesmo são todos os elementos da sua Sangha. Um caminho na floresta pode ser um membro de sua Sangha também, apoiando-o no caminho da transformação. Você pode compartilhar suas alegrias e dificuldades com a Sangha. Você pode deixar ir e relaxar no calor e na força de sua Sangha. A Sangha é como um rio, que flui com flexibilidade, respondendo ao ambiente em que está situado. Tomar refúgio na Sangha é nos juntarmos no fluxo da vida, fluir e se tornar um com todos os nossos irmãos e irmãs de prática. Na Sangha você encontra mais facilidade para praticar, de maneira muito mais agradável.

Treinamentos da Plena Consciência

Os Cinco Treinamentos da Consciência representam a visão budista de uma espiritualidade global e ética. Eles são uma expressão concreta dos ensinamentos do Buda sobre as Quatro Nobres Verdades e do Nobre Caminho Óctuplo, o caminho de entendimento correto e verdadeiro amor, levando a cura, transformação e felicidade para nós mesmos e para o mundo. Praticar os Cinco Treinamentos da Consciência é cultivar o discernimento sobre a interdependência ou Visão Correta, capaz de remover toda a discriminação, a intolerância, raiva, medo e desespero. Se vivermos de acordo com os Cinco Treinamentos da Consciência estaremos no caminho de um bodhisattva. E não estaremos perdidos na confusão de nossa vida presente ou em medos sobre o futuro.

Compartilhamento de Dharma

Compartilhamento de Dharma é uma oportunidade de beneficiar-se dos conhecimentos e experiências da prática dos outros. É um momento especial para compartilharmos nossas experiências, nossas alegrias, dificuldades e questões relacionadas com a prática da atenção plena. Pela prática da escuta profunda, enquanto os outros estão falando, ajudamos a criar um ambiente calmo e receptivo. Ao aprender a falar sobre a nossa felicidade e nossas dificuldades na prática, contribuímos para ampliar a visão coletiva e compreensão da Sangha.

A ideia principal é partilhar nossa própria experiência de prática, em vez de discursar ideias abstratas e teorias. Podemos perceber que muitos de nós compartilham dificuldades e aspirações semelhantes. Sentados, ouvindo e compartilhando juntos, nós reconhecemos nossas verdadeiras conexões entre si.

Lembre-se que tudo o que é compartilhado durante esta prática é confidencial. Precisamos entender as dificuldades do próximo e respeitá-lo também fora deste momento, onde ele pode não se sentir a vontade para continuar algum assunto tratado durante uma discussão de dharma.

Meditação do Chá

Meditação do chá é um tempo para estar com a Sangha em um ambiente alegre e sereno. Só para desfrutar do nosso chá juntos é suficiente. É como se fosse uma ocasião, "uma boa notícia", quando compartilhamos a nossa alegria e felicidade em estarmos juntos.

Às vezes, quando estamos tomando chá com um amigo, não percebemos completamente nem o chá nem nosso amigo sentado ali. Praticar meditação do chá é estar verdadeiramente presente com o nosso chá e nossos amigos. Reconhecemos que podemos viver felizes no momento presente, apesar de todas as nossas tristezas e preocupações. Nós sentamos lá relaxados, sem ter que dizer nada. Se quiser, também pode compartilhar uma música, uma história ou uma dança.

É uma oportunidade para regar as sementes de felicidade e alegria, de compreensão e amor em cada um de nós.

Meditação de Serviço

Participar no serviço de meditação pode ser uma grande felicidade. É uma oportunidade de nos empenharmos na manutenção e cuidado de nosso centro de prática enquanto desfrutamos de nossa prática de atenção plena. Quando limpamos o altar, varremos o chão, trocamos a água das plantas, tiramos o pó ou arrumamos os livros, ficamos conscientes da nossa respiração e da atividade que estamos fazendo. Nós falamos somente quando necessário e sobre o trabalho em mãos. Podemos manter um sentimento leve e fácil enquanto trabalhamos. Um ambiente que é silencioso pode tornar o trabalho mais agradável e divertido.

Quando trabalhamos no jardim, entramos em contato com as plantas e alimentamos nossa conexão com a terra em que vivemos. Varrendo e limpando as salas de meditação, vemos que já estamos praticando para acalmar a mente e o corpo. Por favor, não tenha pressa demais para fazer o trabalho. Nossa contribuição mais importante para a Sangha é manter nossa prática de atenção plena.

A Meditação de Serviço nos liga à nossa vida cotidiana, tanto aqui quanto quando voltamos para casa. Como estamos trabalhando em nosso computador ou preparando o jantar para a nossa família ou ensinando uma aula, podemos praticar parando, acalmando e nos refrescando com nossa respiração consciente. Podemos relaxar e sorrir para os nossos colegas de trabalho e nos orientar para manter um estado de ser leve e sereno.

Nobre Silêncio

É um período de profundo silêncio observado nos retiros a partir do final da meditação da sessão da noite até depois do café da manhã na manhã seguinte. Isso é muito curativo. Assim, permitimos que o silêncio e a calma penetrem profundamente nossos corpos, e que a energia da Sangha e sua atenção plena penetrem em nosso corpo e mente. Voltamos às nossas barracas ou dormitórios lentamente, conscientes de cada passo. Respiramos profundamente e desfrutamos da quietude e da frescura da noite. Não falamos com a pessoa que caminha ao nosso lado; ela ou ele precisa do nosso apoio também. Podemos ficar sozinhos do lado de fora com as árvores e as estrelas por cerca de dez minutos, depois um a um deverá entrar para usar o banheiro, trocar de roupa e ir para a cama imediatamente. Deitados, podemos praticar o relaxamento profundo até o sono chegar.

De manhã nos movemos conscientes e silenciosamente, cuidando de nossa respiração, para ir ao banheiro e, em seguida, prosseguir imediatamente para a sala de meditação. Nós não temos que esperar por ninguém. Quando vemos alguém ao longo do caminho, apenas juntamos às palmas das mãos e nos curvamos, permitindo que ele ou ela aproveite a manhã da mesma forma que fazemos.

É preciso que todos participem para que a prática seja profunda e alegre. Gratidão.

Comendo Juntos

Comer uma refeição juntos é uma prática meditativa. Devemos tentar oferecer nossa presença para cada refeição. Enquanto servimos nossa comida, já podemos começar a praticar. Servindo a nós mesmos, percebemos que muitos elementos, como a chuva, o sol, a terra, o ar e o amor, se juntaram para formar essa maravilhosa refeição. De fato, através dessa comida, vemos que o universo inteiro está apoiando nossa existência.

Estamos cientes de toda a sangha enquanto nos servimos, tomando cuidado para que a quantidade de comida seja moderada e não falte para os demais. Antes de comer, o sino será convidado a tocar três vezes e poderemos desfrutar da respiração enquanto praticamos as cinco contemplações.

1. Esta comida é uma dádiva da terra, do céu, numerosos seres vivos e muito trabalho duro e amoroso. 

2. Que comamos com plena atenção e gratidão para sermos dignos de receber este alimento. 

3. Que possamos reconhecer e transformar formações mentais nocivas, especialmente nossa ganância e aprender a comer com moderação.

4. Que possamos manter nossa compaixão viva comendo de tal maneira que reduza o sofrimento dos seres vivos, pare de contribuir para a mudança climática, e cure e preserve nosso precioso planeta.

5. Aceitamos este alimento para que possamos nutrir nossa irmandade, construir nossa Sangha e nutrir nosso ideal de servir a todos os seres vivos. 

Devemos tomar nosso tempo enquanto comemos, mastigando cada bocado pelo menos 30 vezes, até que a comida se torne liquefeita. Isso ajuda o processo digestivo. Vamos desfrutar de cada pedaço da nossa comida e da presença dos irmãos e irmãs do dharma à nossa volta. Vamos nos estabelecer no momento presente, comendo de tal maneira que a solidez, a alegria e a paz sejam possíveis durante o tempo de comer.

Comendo em silêncio, a comida se torna real com a nossa atenção e estamos plenamente conscientes de sua nutrição. A fim de aprofundar nossa prática de comer conscientes e apoiar a atmosfera pacífica, permanecemos sentados durante esse período de silêncio. Depois de vinte minutos comendo em silêncio, o sino será convidado a soar duas vezes. Podemos, então, iniciar uma conversa consciente com nossos amigos ou começar a levantar da mesa.

Ao terminar nossa refeição, nós tomamos alguns momentos para notar que terminamos, nossa tigela está vazia (sem sobras) e nossa fome está satisfeita. A gratidão nos enche quando percebemos quão afortunados somos por ter esse alimento nutritivo para comer, nos apoiando no caminho do amor e da compreensão.

Podemos, um a um, fazer a limpeza dos nossos utensílios, tomando cuidado para deixar o ambiente limpo e em ordem, como estava antes de iniciar a refeição.

Para expressar a nossa gratidão e amor à Mãe Terra e aos nossos semelhantes de uma forma concreta, todos os centros de prática da tradição Plum Village seguem uma dieta vegana. Em 12 de outubro de 2007, nossa professora escreveu uma carta a seus alunos pedindo à comunidade internacional Plum Village Community que mudasse de uma dieta vegetariana para uma dieta vegana, a fim de ajudar a apoiar a Mãe Terra e contribuir para um futuro sustentável e pacífico em nosso planeta.

Praticando As Seis Perfeições (Paramitas)

As seis paramitas são ensinamentos do Budismo Mahayana. Paramita é uma palavra que pode ser traduzida como "perfeição" ou "realização perfeita". O ideograma chinês para este termo significa "atravessar para a outra margem", que é a margem da coragem, da paz e da libertação. As perfeições devem ser praticadas em nossa vida diária. Estamos atualmente na margem do sofrimento, da raiva e da depressão, e queremos atravessar para a margem do bem-estar. Para atravessar, é preciso fazer alguma coisa, e é a isso que chamamos de perfeição. Assim, voltamos para nós mesmos, praticamos a respiração consciente e olhando nosso sofrimento, nossa raiva, nossa depressão, e sorrimos. Ao fazer isso, superamos a dor e atravessamos. Devemos praticar as "perfeições" todos os dias.

(1) Dana paramita – Doação, generosidade, oferta.

(2) Shila paramita – Os preceitos ou treinamentos da atenção plena.

(3) Kshanti paramita – Tolerância, a capacidade de acolher, suportar e transformar a dor infligida a você por seus inimigos e também pelas pessoas que o amam.

(4) Virya paramita – O esforço, energia, perseverança.

(5) Dhyana paramita – A meditação.
(6) Prajna paramita – A sabedoria, compreensão, insight.

As Seis Paramitas - texto completo