Às vezes, pensamos que poderia
ser mais fácil viver e praticar sozinho, habitar no topo de uma montanha e
fechar a porta da nossa cabana particular. Na realidade, praticar sozinho é bem
mais difícil. Nós humanos somos animais sociais e nossas alegrias e esperanças
dependem de estarmos com outros.
Muito embora a prática seja
simples, mantê-la sozinho, isoladamente, poderá ser difícil. As forças que nos
arrastam são fortes. Todavia, se fazemos parte de uma comunidade, uma Sangha,
onde todos praticam da mesma maneira, ela torna-se simples e natural. A Sangha
é uma comunidade em que todos têm a intenção de aprender e praticar. Porém,
boas intenções não são suficientes. Devemos aprender a arte de viver felizes
juntos. A criação da Sangha é uma das partes mais importantes da prática.
Necessitamos aprender a arte de formar uma comunidade que seja feliz e transmita
às pessoas um sentimento de confiança.
Os centros de prática devem
ser organizados como famílias. Se o centro de prática não for organizado como
uma família espiritual, onde todos se sintam um membro valioso, será difícil o
trabalho da transformação. Muitas pessoas que vêm praticar estão vindo de lares
desfeitos e de uma sociedade conturbada. Se o centro de prática for organizado
de tal modo que cada um seja uma ilha, sem que haja contato, afeto ou
cordialidade entre seus membros, mesmo que o centro pratique por dez ou vinte
anos seguidos, não produzirá fruto. Precisamos criar raízes. Fica difícil
funcionar com felicidade quando não há raízes.
Não espere por um mestre ou
uma Sangha perfeitos. É preciso apenas um grupo de pessoas comuns
comprometidas, para que se recebam grandes benefícios. Quando as pessoas do
grupo tomam refúgio na Sangha, esta cresce forte e harmoniosa. Quando sorrimos
e respiramos conscientemente, a Sangha toda sorri e respira conscientemente
junto conosco. Na Sangha, as pessoas se ajudam mutuamente. Quando caímos, há
sempre alguém que nos ajuda a levantar. O mais importante é a Sangha ser feliz,
nutrida e estável.
A Sangha é o que nós fazemos
que ela seja.
Quando você pratica com uma
Sangha, os frutos da prática são facilmente obtidos. Quando você toma refúgio
numa Sangha, o trabalho de transformação se realiza.
Deveríamos também
compreender a Sangha como um ambiente. A transformação e a cura não são fáceis
se o ambiente não for apropriado. Num ambiente bom e saudável, os elementos
positivos que estão dentro de uma semente ou de um gene poderão ser tocados e,
assim, se manifestarem, enquanto os elementos negativos diminuirão retrocedendo
para o segundo plano. Esse princípio se aplica tanto às condições físicas
quanto mentais. À luz da interexistência, uma semente é feita de todas as
sementes, e um gene é feito de todos os genes que contêm dentro de si todos os
elementos saudáveis e nocivos. [...] Um ambiente propício é vital para o
trabalho de transformação e cura. Uma boa semente pode ser plantada, um bom
gene pode ser transplantado, mas se o ambiente não for bom, a boa semente e o
bom gene não serão capazes de ficar por muito tempo em primeiro plano.
Texto extraído do livro “Transformações
na Consciência”, do nosso amável mestre Thay.
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