Extratos do 1º Discurso de Dharma - Retiro de 21 dias (2014)

Dia 06 de julho, iniciamos a leitura/estudo dos ensinamentos passados pelo Thay, no último retiro de 21 dias ocorrido em Plum Village, no qual recebeu a transmissão nossa professora de Dharma, Cristina "Yatri", tornando-se membro da Ordem do Interser, quando recebeu o nome "True Strenght of Non-Fear", Verdadeira Força do Destemor.

 

Nos próximos encontros, estudaremos as anotações feitas durante o retiro, lembrando que não há percepções e opiniões pessoais de nossa professora, apenas a transcrição dos trechos mais relevantes das palestras do Thay.

  

Plum Village – Retiro 21 dias/2014 – Extratos do 1º Discurso de Dharma – Thich Nhat Hanh

 

Não fuja de seu sofrimento, vá para sua casa interior e cubra a sua energia de sofrimento com a energia de plena consciência. Isto vai começar a transformar a energia de sofrimento, vai ajudar a encontrar um lugar para o sofrimento.
               

Avalokteshvara é o Bodhisattva da escuta profunda. Ele tem o poder de escutar profundamente todo o sofrimento dos seres vivos e compreender seu sofrimento, podendo assim ajudar a todos. Ele é o Buda da extrema compaixão.
               

Quando nós compreendemos o sofrimento interior desenvolvemos a energia da compaixão. Nós precisamos da energia da compaixão para curar. A prática é seguir o momento presente, inspirando e expirando conscientemente conseguiremos parar os pensamentos.

 

Com a respiração consciente você reconecta seu corpo com sua mente e volta para o aqui e agora, para a Terra Pura de Buda. Então neste estado você pode facilmente reconhecer que já possui muitas condições para ser feliz.
               

Se você souber como sofrer, você vai sofrer menos!
               

O sofrimento é necessário, você precisa ter plena atenção para perceber o lado bom do sofrimento. Entender o sofrimento vai lhe trazer compaixão, compreensão e amor. Você não pode ter a flor de lótus sem ter a lama. Não existe felicidade sem o entendimento do sofrimento. Você precisa transformar o sofrimento em alegria com plena consciência. Você não precisa ser budista para praticar.

(Thay mostra um vaso com uma plantinha - um pé de milho)

Quando a plantinha do milho nasce, a semente morre?
               

E quando eu nasci, morreu a semente que estava na minha mãe e no meu pai?
               

Não, ela se transformou e continuou em mim. Mas antes de ser semente, o que ela era? Existia ou não?
               

Se eu disser que ela era parte de meu pai e minha mãe então eu conseguirei perceber minha precedência sem limites no tempo e no espaço, e posso também prever minha continuação sem limites no tempo e no espaço.
               

Nesta transmissão recebemos as tendências genéticas de nossos pais não apenas com as características físicas, mas também de comportamento, de caráter e de hábitos. Passo então a reconhecer em mim hábitos de meus pais, avós, etc. Não apenas promovidos pelo ambiente, mas também os hábitos mais profundos.
               

Temos a forte tendência de nos deixarmos dominar pela energia de hábito de nossos antepassados e repetir suas ações, mesmo àquelas que repudiávamos, que adiávamos, que nos feriam.
               

Vamos nos avaliar, reconhecer e deixar de lado estas atitudes. Basta simplesmente reconhecer: Ah, este é o meu pai que está aqui agindo por mim. Oi, pai! Tchau pai! Vai descansar. E sorria para seu pai, não alimente raiva. E siga por outro caminho, fazendo diferente, corrigindo-se. Simples assim! É só reconhecer!

Mas também é preciso ter compaixão para não culpar, pois devemos nos lembrar que nossos pais também receberam isto de alguém. E eles também não sabiam como se livrar deste sofrimento.
               

Existem três portas para a liberação do sofrimento:
- Vazio / Vacuidade
- Sem forma
- Sem objetivo

Sem forma - forma são os objetos da percepção. Normalmente quando existe uma percepção, existe uma decepção! Isto ocorre porque somos pegos pelas percepções ou conclusões errôneas. Se você se apega a percepções ou conclusões, você não consegue ver a verdade.

               

Você vê uma nuvem na sua xícara de chá? Bom, existe uma nuvem em seu chá, mesmo que você não consiga ver, ela está lá. Quando você olha para o céu e não vê nenhuma nuvem, você pensa que hoje não tem nuvens no céu, mas elas estão lá, e quando houver condições suficientes a nuvem vai aparecer, mas você não pode dizer que só porque você não enxerga, ela não existe. Isto é o que quero dizer "percepções errôneas".