sábado, 13 de abril de 2013

A Essência do Budismo (Parte II)


“Só há um tempo em que é fundamental despertar...
Esse tempo é agora”.
(Buda)

Para dar continuidade ao capítulo anterior, mais alguns esclarecimentos se fazem necessários, para que, posteriormente, possamos adentrar nos principais ensinamentos budistas com maior ênfase e concretude. As perguntas e respostas foram reunidas e discernidas através da Sociedade Budista Karma Shisil Ling Monastério, que nos serviu de inspiração.

O que é a Sabedoria como treinamento?
O termo sabedoria não se refere a um mero conhecimento intelectual e conceitual de coisas e fatos. Sabedoria é o estado mental que conhece a Verdadeira Natureza das coisas e fatos. Entre as principais características da sabedoria, pode-se enfatizar o desapego e a compaixão (o serviço ativo pelo benefício dos outros).

O que é a Ética como treinamento?
No budismo não há a ideia de "pecado", de uma ofensa causada pela quebra de um mandamento, por exemplo. Entretanto, existem alguns preceitos básicos que constituem a Ética budista:
  • Não matar
  • Não roubar
  • Não ter uma conduta sexual indevida
  • Não mentir
  • Não usar intoxicantes
Desta forma, são evitadas as ações que resultam em frutos negativos. Em seu lugar, os budistas cultivam as ações que conduzem a frutos positivos:
  • Praticam a bondade amorosa,
  • A generosidade,
  • O contentamento,
  • A honestidade,
  • Atenção plena.
O que é Meditação como treinamento?
A meditação é um treinamento para purificar a mente de seus aspectos negativos — cobiça, raiva, ignorância — e em seu lugar cultivar os aspectos positivos — generosidade, compaixão, sabedoria. Existem diferentes estilos de meditação budista que foram preservadas por diversas tradições. Meditar é “parar de pensar”, ou melhor ainda, é não “dar asas aos pensamentos”. Simples assim. A questão é que fomos treinados a pensar, pensar muito, em uma quantidade tal que nos é improvável essa história de pararmos com nossa tagarelice mental.

Quais são os Dez Estados de Vida?
Os altos e baixos da nossa vida emocional, são explicados na Teoria Budista dos Dez Mundos. O Budismo ensina que toda a forma de vida contém dez estados potenciais, chamados Os Dez Estados ou Mundos.
São eles: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda. Com exceção do Estado de Buda (que é só positivo), todos os outros possuem aspectos positivos e ou negativos. 
Os seis estados inferiores ou Seis Maus Caminhos, (inferno, fome, animalidade, ira, tranqüilidade e alegria) aparecem quando o indivíduo reage ao seu ambiente. Por outro lado, os quatro estados elevados ou Quatro Nobres Caminhos, (erudição, absorção, Bodhisattva e Buda) aparecem apenas quando o indivíduo faz um esforço.
 O Estado de Buda não é um fim por si só. É a mais poderosa força da vida que trabalha através dos nove outros estados, transformando seus aspectos negativos em positivos e nos permitindo criar benefícios em qualquer situação que apareça. (falaremos mais adiante, em outro capítulo)

O que é Karma?
No Ocidente, costuma-se associar a palavra "destino" a Karma. Contudo "destino" e "Karma" possuem bases de ensinamentos e crenças totalmente distintas.
A palavra Karma tem sua origem no sânscrito e significa "ação". O budismo prega que a vida é eterna e que é o Karma que determina a trajetória de uma pessoa, ou seja, as ações por ela praticadas é o que traça seu destino nesta existência e nas futuras, assim como suas ações de um tempo passado são fatores que definem sua realidade atual.
Este termo refere-se à Lei Natural de Causa e Efeito, as ações e seus frutos. As ações podem ser feitas através da mente (os pensamentos), da fala (as palavras) e do corpo (as ações propriamente ditas). A analogia mais usada para explicar o Karma é a do plantio de uma semente, que amadurece e faz surgir frutos. As ações hábeis (positivas) criam virtudes e conduzem à felicidade, enquanto as ações inábeis (negativas) criam não-virtudes e conduzem ao sofrimento. Apenas os seres iluminados não produzem mais Karma embora ainda estejam sujeitos aos frutos de ações anteriores. (trataremos em outro capítulo a distinção entre Karma e Dharma)

O que é Renascimento?
É o processo pelo qual os seres nascem novamente após a morte do corpo físico, em um dos reinos da existência — entre os deuses, semideuses, humanos, animais, espíritos famintos e etc. O que determina o renascimento é o Karma criado anteriormente, que pode ser tanto positivo quanto negativo. Todos os seres que nascem nestes reinos estão sujeitos à velhice, doença, morte e renascimento. Somente ao atingirem a iluminação – O Despertar – eles se tornam livres deste ciclo "reencarnatório", chamado de Samsara. Segundo o budismo, o que continua é o impulso cármico. (estudaremos a Roda da Vida em outro capítulo)

Os budistas acreditam em Deus?
"Não julgue o desconhecido". Isso é o budismo.
Inicialmente é bom esclarecermos que Buda não é um deus. A palavra "Buda" significa "o iluminado". Ou seja, um Buda é aquele que se iluminou para a Verdade da Vida.
Para os cristãos, o 'inexplicável' (fenômenos do universo), é atribuído a Deus, que vive no céu e dita às regras da Terra. No budismo, os fenômenos são atribuídos através da compreensão de uma lei que rege o universo. Essa lei é denominada Lei Natural de Causa e Efeito.
Segundo os ensinamentos budistas, tudo na vida é regido pela Lei de Causa e Efeito existente no universo. Os sofrimentos e a felicidade existem na vida de cada pessoa e se manifesta de acordo com a força positiva ou negativa que cada um carrega. Entretanto a Lei que rege o Universo não é punitiva e sim, justa, equilibrada, rigorosa e benevolente, pois cada pessoa recebe o que determinou.
O importante em cada religião é o respeito mútuo. Desconsiderar a existência de Deus para um cristão por sermos budistas é desrespeitar a pessoa e sua fé. Com base nisso devemos estudar o budismo para que possamos defender nossa “fé” convictamente, sem no entanto, desrespeitar a fé dos outros.
O conceito budista de "Deus" é diferente do conceito ocidental (cristão) de um Ser Supremo, Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas. Portanto, no Budismo não existe a idéia (idéia ocidental) da figura de um Criador, ao qual devemos idolatrar e servir, nem a ameaça de sermos julgados e jogados num inferno de existências, caso não o obedeçamos. A meta da prática espiritual não é a de fugir para um paraíso, deixando os outros seres para trás, mas sim atingir a Iluminação e trazer benefícios para todos — não apenas aos seres humanos, mas para todos os seres sem exceção. É nossa própria consciência adormecida ou desperta que nos levará às ações boas ou más. Dentro de nós existem todos os céus e todos os infernos possíveis, onde estamos sujeitos às Leis de Causa e Efeito, Ação e Reação.

Como surgiram o Universo e os Seres?
Do ponto de vista budista, não existem mitos sobre a "criação". Não houve uma "causa primeira", não aconteceu um evento inicial isolado que possa ser rotulado como "a criação", nem haverá um evento final que possa ser chamado de "o fim do mundo". O tempo não tem início nem fim; da mesma forma, os reinos da existência cíclica não têm início nem fim. Todas as coisas surgiram de suas próprias causas e condições e estão sujeitas à cessação de acordo com essas mesmas causas e condições. Basicamente, o budismo explica que o universo é eterno, transformando-se e evoluindo continuamente para um futuro infinito, desenvolvendo-se de um passado também infinito, ao contrário da tradição judaico-cristã, que postula a existência do universo como uma criação divina.
Traçar qualquer conclusão sobre qualquer teoria científica da evolução cósmica como correta seria tão difícil como prematura, pois ninguém oferece provas conclusivas de nenhuma teoria. Assim quando tentamos definir o universo, até o presente momento o único caminho acessível é a nossa imaginação.

Quais são as escrituras Budistas?
O cânone budista é conhecido como Três Cestos ou Tripitaka. Ele recebe este nome porque os ensinamentos do Buda foram compilados em três grupos. Os discursos atribuídos ao Buda e seus discípulos foram registrados em textos conhecidos como Sutras. As regras monásticas foram registradas em um conjunto de textos intitulado Vinaya. Finalmente, os textos que lidam com questões metafísicas compõem o Abhidharma.

O que são as Escolas Budistas?
Conforme se espalhou pela Ásia ao longo dos séculos, a Comunidade Budista —Sangha — adaptou-se às necessidades locais e fez surgir diversas tradições, ou escolas. Todas as tradições autênticas possuem um núcleo comum de ensinamentos, como As Quatro Nobres Verdades, o Nobre Caminho Óctuplo, os Dez Estados de Vida, etc. Cada escola enfatiza determinados aspectos e práticas do ensinamento budista. Conhecendo as diversas tradições, também podemos apreciar um pouco das belíssimas culturas orientais. No sul e sudeste asiático, a tradição predominante é a Theravada. Na China, na Coréia, no Japão e no Vietnã, desenvolveu-se o Grande Veículo ou Mahayana, cujas vertentes mais conhecidas são a escola Zen (tradição à qual seguimos) e a escola Terra Pura. Já no Tibet, Nepal, Mongólia e outras regiões próximas ao Himalaya, o budismo tântrico ou Vajrayana fez surgir quatro escolas — Nyingma, Kagyü, Sakya e Gelug.
 
FONTE: http://www.kslm.org.br/kslmbudismo.php

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